segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Cadê o meu filho?

Muitos estão se perguntando cadê o meu filho... Bem, vou explicar então.
Tive uma gestação normal; Bom, ao menos no início ela era normal.
Eu me 'achava' a grávida mais linda do mundo, cheia de carinhos e paparicos vindos da minha família e da família do Nelson, meu esposo.
Todos estavam eufóricos! O Dr. havia cogitado a possibilidade de serem gêmeos, já que a minha barriga era enoooorme (liiindaaa!), o coração do bebê batia em dois ritmos, caracterizando dois coraçõezinhos.
Eu irradiava alegria. Até que certo dia, quando estava prestes a completar 4 meses de gestação, fui fazer uma ecografia morfológica, para saber o sexo do bebê, já que ele estava viradinho de costas e, se eram dois, etc.
Saí muito chocada do consultório do PAM (Pronto Atendimento Municipal) de Gravataí. O ecografista, ficou pasmo ao constatar que meu bebê poderia ter uma doença raríssima, chamada 'agenesia renal bilateral'; Ou seja, meu bebê, fora formado sem nenhum dos dois rins e, sem uma artéria no coraçãozinho.
Pedi que o Dr. Marcelo (ecografista), fosse bem franco. Estava pronta para ouvir qualquer notícia. Ele foi bem direto e disse que se fosse confirmado o diagnóstico, meu bebê poderia vir a falecer dentro do útero e, se por ventura nascesse com vida, não teria tempo de vida, teria "prazo de validade". Ele explicou que não existe transplante de rins para um rescém nascido, que não tinha nem espaço no corpo para os mesmos. Além de que, o coraçãozinho do meu filho, estava comprometido por não ter uma artéria super importante.
Naquele momento, parecia que o mundo iria desabar. Fui firme, pois sabia que do outro lado da porta, meu esposo esperava ansioso para saber se era a menina que ele tanto sonhava ter. O que me deixou mais triste, ele não teria a menina, pois meu bebê era do sexo masculino (o Danielzinho) e, nem sobreviveria.
Lembro-me de ter deixado cair apenas uma lágrima. Pedi um papel para secar meu rosto e saí, com a cabeça erguida, pronta para dar a notícia para os meus familiares, para o Nelson e, crente que existem milagres.
Depois daí, nada mais foi normal. Pesquisei por tudo à respeito desta doença e, nos termos técnicos da Medicina, eu era mãe de um feto polidrâmnio. Ou seja, um feto criado com quantidade excessiva de líquido amniótico no útero. É algo que ocorre em cerca de 1% das gestações, e pode ter vários motivos.
O volume ideal de líquido amniótico dentro do útero, é de 800ml a 1 litro. Porém, quando há polidrâmnio, esse volume pode chegar a até 3 litros; O que foi o meu caso que, de 60kgs, passei para 82kgs até o sétimo mês de gestação.
Minha barriga continuava a crescer descontroladamente, chegando a medir 94cm. Ela ficou brilhosa e a pele parecia que ia rasgar. (Para você que deve estar se perguntando, não. Eu não fiquei com NENHUMA estria da gestação!) Eu andava igual a um pingüim, e segurava a barriga com as duas mãos, pois o peso estava concentrado nela e, por causa do probleminha nos rins, o feto retinha líquidos, me deixando muito inchada.
Pode ser difícil identificar a causa desta doença, e às vezes ela não chega a ser esclarecida. O problema pode estar na mãe, na placenta ou no bebê. E, algumas das possíveis causas, eu apresentava: Em 20% dos casos de excesso de líquido amniótico, há um problema congênito no bebê. Pode ser uma obstrução no esôfago, que impede que ele engula o líquido amniótico, uma fenda labiopalatina ou ainda alguma alteração no sistema nervoso central, no coração ou nos rins (o caso do Daniel). Em casos raros, há algum problema na placenta ou nas artérias do cordão umbilical. (Também tínhamos!)
Então, não deixei de amá-lo, muito menos de dizer todos os dias para Deus, o quanto eu queria ser mãe daquele serzinho que me ensinou a amar mais do que eu pensava que pudesse sentir amor no meu peito.
Logo, quando iria completar 7 meses de gestação, me dirigi ao Hospital Santa Casa de Porto Alegre, com perda de líquido e sangramento. A Drª de plantão, me mandou para casa tomar "passiflora", um calmante natural, alegando que eu não estava em trabalho de parto.
Tudo bem. Eu fui... Manda quem pode, obedece quem precisa, não é a lei da vida?
Pois bem, dois ou três dias depois, fui ao Gabinete do Dep. Estadual Adão Villaverde, falar com uma amiga minha pra ver se ela poderia me ajudar; Pois, conhecia bem mais pessoas que eu, etc. A Anselma fez algumas ligações, o pessoal do Gabinete do Dep. Federal Marco Maia, até tentaram me dar uma força, mas nada surtiu efeito. Até que, conheci uma pessoa maravilhosa. A Débora Schneider. Uma luz no fim do túnel. Ela disse para mim ir até o Hospital Nossa Srª da Conceição, que com certeza seria bm atendida e que, uma amiga dela estaria lá, à minha espera.
Fui no dia e hora marcados, fui super bem atendida e o Dr. Cancione, que estava no plantão, achou uma barbaridade eu já não estar em um hospital, já que o caso era realmente grave e que corria sério rico de morte.

Obs.: O resto fica para um próximo post. De amanhã!