terça-feira, 21 de abril de 2009

P'ra Sempre - Carlos Drummond de Andrade (1971)

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba
veludo escondido
na pele enrugada
água pura, as puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio
Mãe, na sua graça,
é eternidade.

Porque Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:

Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto do seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

(Saudades de ti mamãe! Beijos da tua única guriazinha, Carol)

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