domingo, 12 de julho de 2009

Reencontro - Primeira parte

Ele saiu de casa, com aquele objetivo. Tirou o carro da garagem, checou no porta luvas se os instrumentos estavam ali, as mãos macias e brancas esperavam tocar no corpo dela, mas, ele focou no propósito pelo qual estava saindo de casa. Trabalho. Tudo por um bom enredo, tudo pelo bem do jornalismo, tudo pela matéria que poderia dar-lhe o Prêmio Esso de Jornalismo mais uma vez. Porém, a concentração era interrompida por auto questionamentos, patéticos, do estilo: "Será que ela vai lembrar do carro? Que é vermelho como aqueles lábios? Que é da cor do "nosso" time?... Enfim, ele pensava nela, ainda, com ternura.
No percurso, novamente os questionamentos, agora, desesperadores. Ele perguntara a si mesmo: "Porque por ela? Justo ela! E, porquê com ela?"; Pensava cada vez mais naquelas longas pernas, torneadas, brancas, com pintinhas marrons. "Pernas esculpidas e decoradas pelas mãos divinas, só pode!", - pensava ele -. E, ao mesmo tempo que pensava nas pernas, lembrava da pele cheirosa, do toque macio, sensual e com uma pontinha de insegurança, infantilidade.
Aproximando-se das esquinas da Av. Farrapos, uma movimentada Avenida da capital gaúcha, suas esquinas conhecidas como fortes pontos de prostituição, a adrenalina subia. Não era medo de assaltos ou de não encontrá-la. Era medo sim. Mas, de encontrá-la com alguém.
Parou o carro e chamou uma moça; Ela estava vestida com uma micro saia, uma meia calça arrastão, botas acima dos joelhos, um sutiã que tapava apenas os bicos dos seios e um sobretudo de couro preto. A moça, que deveria ter no máximo 19 ou 20 anos, tentava esconder a pouca idade e a fragilidade daquela menina que recentemente havia passado por uma, imagina-se, conturbada adolescência, com forte maquiagem e caminhar vulgar.
Não observou muito as condições da moça, vestes ou os olhos dela que passeavam por sua carteira, focou apenas em seu objetivo. Perguntou informações a respeito de uma "colega" dela, se havia visto a guria por alí naquela noite. Foi informado que sim, que se ela não estivesse com algum cliente, estaria mais adiante, em algumas esquinas à frente. Por um instante, ficou desapontado com a possibilidade de não encontrá-la. Mas, o desejo de vê-la era maior que qualquer decepção.
Acelerou um pouco e na quarta ou quinta esquina, deparou-se com ela. Gelou o estômago.

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